Olhares Maternos sobre o Natal - Isabel Stilwell
19:55
Isabel Stilwell
As palavras na sua forma escrita ou falada representam uma parte essencial na vida da mãe e avó que hoje nos guia, no nosso caminho até ao Natal. São uma necessidade intrínseca de narrar histórias reais ou fictícias, partilhando a sua forma de ver o mundo e os seus sentimentos. Nasceu em Portugal, no seio de uma família inglesa e é a sétima de oito irmãos.
É jornalista e escritora. Começou a trabalhar no Diário de Notícias, aos 21 anos, contribuindo de forma essencial para o jornalismo
português. Foi a fundadora e directora da revista Pais & Filhos, tendo assumido também a direcção da revista Notícias Magazine durante 13 anos e do jornal
Destak até ao final do ano de 2012, entre muitos outros projectos.
A par deste percurso, escreveu vários livros de ficção, contos e histórias para
crianças, como Histórias para Contar em Minuto e Meio ou Histórias para os Avós Contarem aos Netos. A grande paixão por romances históricos deu origem a títulos como D. Filipa de Lencastre, D.
Catarina de Bragança, D. Amélia, D. Maria II e ao novíssimo Ínclita Geração - Isabel de Borgonha. Podemos, também, ouvi-la com Eduardo Sá, no programa Dias do Avesso, na Antena 1, ou em
escolas, encontros e conferências.
Continua sempre a arranjar tempo para estar com os seus três
filhos e com as suas netas.
Venham conhecer o olhar duplamente materno de Isabel Stilwell!
- Qual
o significado do Natal para si?
O dia
de anos do bebé Jesus! Gosto de olhar para o Presépio e pensar que
a esperança nasce em cada criança, e que o poder não é mais do que uma
forma de servir. Gosto de pôr os pastores em cima do musgo, a caminho da
gruta, sabendo que no tempo de Jesus Cristo eram os sem abrigo da época,
os últimos a quem se esperava que os anjos aparecessem. E gosto do S. José que
é um pai adoptivo, que não precisa de laços de sangue para amar e proteger
aquela criança, e de uma mãe, Maria, que aceita um milagre e a estranheza
de toda a situação, tirando o melhor partido de ter sido a escolhida. Não
gosto de quem celebra o Natal sem aceitar nada daquilo que significa, acho
sempre que podiam encontrar outra data para fazer um almoço e trocar
presentes. No meio disto, gosto também do Pai Natal, do lado da magia, da
espera, da antecipação...
- Quais
as vossas tradições familiares desta época?
As minhas, de origem, eram escrever ao Pai Natal uma carta, esperando que fosse levada até ele, pelos seus ajudantes, e na véspera de Natal, pôr uma meia [para o Pai Natal], ao fundo da cama. Os presentes do Pai Natal eram sempre coisas pequeninas que cabiam dentro dessa meia (escolhíamos todos as do meu pai porque eram maiores!).
Apanhávamos musgo para o Presépio e ajudávamos a minha mãe a distribuir ceias de Natal pelos mais pobres da freguesia (Santos-o-Velho, em Lisboa), antes dos tempos do Banco Alimentar - conhecíamos aquelas pessoas e sabia-me muito bem passar umas horas a conversar com os velhinhos que não saíam de casa ou a ajudar a dar banho a um doente que não podia sair da cama. Tenho a certeza que quando se dá, se recebe.
As minhas, de origem, eram escrever ao Pai Natal uma carta, esperando que fosse levada até ele, pelos seus ajudantes, e na véspera de Natal, pôr uma meia [para o Pai Natal], ao fundo da cama. Os presentes do Pai Natal eram sempre coisas pequeninas que cabiam dentro dessa meia (escolhíamos todos as do meu pai porque eram maiores!).
Apanhávamos musgo para o Presépio e ajudávamos a minha mãe a distribuir ceias de Natal pelos mais pobres da freguesia (Santos-o-Velho, em Lisboa), antes dos tempos do Banco Alimentar - conhecíamos aquelas pessoas e sabia-me muito bem passar umas horas a conversar com os velhinhos que não saíam de casa ou a ajudar a dar banho a um doente que não podia sair da cama. Tenho a certeza que quando se dá, se recebe.
No dia
de Natal abríamos os presentes (de pais e irmãos, eu tenho 7, o que é bom para
tudo!), e depois almoçávamos juntos, normalmente com alguns amigos dos meus
pais. À tarde, íamos a casa da minha avó paterna, onde nos encontrávamos todos
(a minha avó tinha 39 netos). Nem sempre o dia era tão feliz como o tinha
imaginado, mas isso é porque tendo a ter expectativas imensas...
- O
Natal e as crianças: sob o ponto de vista de avó, como é que as suas netas vivem esta quadra?
Quero
que sintam a magia e a antecipação e quero
que aprendam o prazer de dar! Apanham musgo comigo, fazemos juntas o Presépio,
com muito cuidado, sem esquecer a cabana de rochas e paus. Fazemos também
a árvore e esperamos o Pai Natal. Também põem a meia no fundo da cama. O Pai Natal vai
enchê-las de certezinha absoluta, depois de ter bebido o leite e comido as
bolachas.
- Como
contadora de histórias, qual escolheria para colocar como estrela no topo da
árvore de Natal?
As
"Cartas do Pai Natal", do J.R.R Tolkien, publicadas pela Europa
América.
São
cartas que o Pai Natal escreveu aos filhos do escritor, com desenhos de
Tolkien. Até os selos que criou são fabulosos. Contam histórias que se passaram
no Pólo Norte, com o Urso Polar, os ajudantes bons, os ogres que roubam os
presentes e o esforço para os recuperar, entre outras.
-
Presentes: quais as suas sugestões?
Há
tanta gente a quem dar, que às vezes compramos a metro, sem pensar muito bem
para quem é que se destina. Por isso, tente dar aquilo que gostaria de receber.
Se for possível, e melhor ainda, presentes que sejam feitos por si. Dentro
dessa "onda" daria, este Natal, a "Ínclita Geração - Isabel de
Borgonha", a quem gostasse de romances históricos, e as "Histórias
para os Avós contarem aos netos", a todos os que já sejam avós.
- Uma
receita natalícia (um sabor que não possa faltar na ceia ou uma
receita para partilhar)?
receita para partilhar)?
Puré de
Castanha. Só sei fazer a olho e a grande conquista são as castanhas congeladas (era horrível
tirar a casca das castanhas cozidas). Com perú, é o prato obrigatório do dia de
Natal. Ah e Brandy Snaps, que são um género de umas bolachas (enroladas),
que se comem com natas postas no próprio momento, lá dentro e que nunca vi à
venda em Portugal, mas que os meus avós nos mandavam de Inglaterra. Agora, é a
minha querida cunhada Teresa quem as traz, enchendo malas inteiras, porque a
família é gigante.
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