Os livros são grandes companheiros em qualquer momento da nossa vida, mas quando vivemos, juntamente com as nossas crianças, um longo período dentro de 4 paredes, tornam-se verdadeiras janelas para viajarmos, na nossa imaginação.

A sugestão de leitura que trazemos hoje é "O Duende que caiu da Lua", da autoria de Rita Mira e editado pela Fábula (integrada na divisão literária infantil-juvenil da Editora 2020).

Esta história é narrada pelo Tomás, um menino fascinado pelo espaço e que sonha tornar-se um astronauta, e começa na noite em que ele conhece Katan, um duende que vive na Lua. Tendo caído acidentalmente no planeta Terra, o duende deseja voltar para casa, mas não sabe como. Tomás chama a si a missão de ajudar Katan a regressar a casa. Durante o tempo que passam juntos, aprendem várias coisas um com outro, fazendo nascer uma amizade para a vida. 

Uma das vertentes que mais gostamos na leitura destas páginas é o foco nos sentidos e da atenção no momento presente, relembrando-nos (tanto os pais, como as crianças) da importância de pararmos e olharmos para o que nos rodeia, como se fosse a primeira vez: "Esta luz matinal era muito bonita e tranquilizante"; "Quando apagamos a luz, fico debaixo de um mar de pequenas luzes cintilantes, que me aconchegam até adormecer".

Ao longo da história, o Tomás apresenta duas atitudes fundamentais de Mindfulness, que destacamos:

Não-Julgamento - Apesar de nunca ter conhecido um duende antes, o Tomás acolhe Katan com amabilidade, curiosidade e uma mente aberta. Duende e menino, ambos têm uma família da qual gostam muito, ambos têm melhores amigos e ambos sentem saudades;

Confiança - Para ajudar Katan a regressar a casa, o Tomás confia em si próprio e nas suas capacidades, procurando várias soluções sem recorrer à ajuda dos pais.


Há, igualmente, uma abordagem muito importante no que respeita a uma auto-estima bem desenvolvida, um valor indispensável na prática de uma parentalidade consciente: o Tomás é "desenrascado", não tem receio de dar a sua opinião e de sair da sua zona de conforto. Ele sente que os pais o apoiam e lhe ensinam as ferramentas necessárias para que ele consiga resolver as situações, estando sempre disponíveis e presentes.
Quando chegamos ao fim do livro, o ritual que a mãe e o Tomás passaram a partilhar todas as noites, antes da história para adormecer, encheu-me o coração de ternura, revelando o quão importante é a conexão com aqueles que mais amamos.
Termino esta sugestão de leitura, com uma frase retirada do livro e que devemos recordar sempre: "Juntos somos melhores."


Deixo uma nota final sobre as ilustrações da Carla Nazareth que são adoráveis.


Até já! / See you soon!